Eu não me sinto deprimida. Mas tenho tido muitos problemas para acertar meu horário de sono. Antes eu estava indo me deitar entre 5 e 8 horas da manhã. estava vivendo de noite e dormindo de dia. Tenho me esforçado para deitar menos tarde. Esses dias tenho deitado às 3:30 da madrugada. Acordo às 13hs, mas às vezes tenho tanto sono que durmo umas 3 horas durante a tarde. Haja paciência! Mas já é um começo, melhor isso do que nada.
Eu tenho refletido sobre uma coisa. Antes, quando comecei meu primeiro blog, lia o de outros bipolares e sempre via que tinham emprego, aparentavam ter uma vida razoavelmente normal. Eu sempre achei que algum dia, com a medicação correta, eu poderia ter uma vida mais "normal". Mas eu não chegava a acompanhar por muito tempo cada blog, então sempre tive uma visão parcial das coisas. Há algum tempo tenho lido vários blogs de bipolares, acompanhando a vida de todos. Percebi um certo padrão. E, olha só, não sou psicóloga, não sou especialista em Transtorno Bipolar, nem nada do tipo. Sou apenas uma observadora. E não estou tentando tirar as esperanças de ninguém escrevendo isso. Antes, para mim, é libertador admitir e aceitar a realidade, para aprender a aproveitar o melhor dela. Novamente eu digo: é meu ponto de vista. Ninguém precisa concordar.
Então, o padrão que tenho percebido é que, por melhor tratados que sejam os casos de transtorno bipolar, a pessoa ainda vai ter recaídas. A pessoa pode ter uma faculdade e um emprego, mas sempre vai ter um momento em que entrará em crise (seja de mania ou depressão) e a pessoa, ou se demitirá, ou será demitida do emprego. Tudo na vida fica parado. E depois de lutar e melhorar, a pessoa consegue outro emprego, retorna a ter uma vida relativamente normal por um período, e, então, tudo se repete. É como num ciclo vicioso.
Daí você me diz: "Mas não tem nada de positivo nesse pensamento! Isso só traz desesperança!". Mas eu vejo de outra forma. Vejo que, sabendo que terei fases boas alternadas com fases ruins, eu percebo minhas limitações e não corro atrás de responsabilidades com as quais eu não posso me comprometer 100%. Nunca sei como vou acordar no dia seguinte. Então, como num projeto que tenho em mente, eu estou contando com a ajuda de uma amiga que estará no comando, na parte de se comprometer a dar aulas de artesanato para mulheres de família necessitadas. Eu fico com a parte de desenvolver e organizar o projeto e dou aulas sem um compromisso de ser todas as vezes. Faço isso quando estiver bem.
A questão é que como eu sei que terei fases em que estarei bem, vou aproveitar ao máximo esses períodos. E nos períodos de depressão, eu terei a esperança de que irá passar e eu terei outro período bem. Isso me faz ser mais grata e aproveitar melhor os momentos bons que tenho nessa vida. Não posso desperdiçá-los, empurrando os dias apenas, sem vivê-los verdadeiramente. Por isso penso ser positivo esse modo de pensar. Sabendo dos meus limites, eu posso aproveitar de maneira consciente, sem me exceder e sem perder as esperanças. Porque, graças a Deus, existem dias melhores!